domingo, 16 de janeiro de 2011

O Natal de Matheus - parte I

Nossos amigos Anna e Cézar adotaram seus filhos gêmeos Matheus e Ariel em 10 de dezembro de 1991.

Matheus faleceu há exatos 4 anos, em 16 de janeiro de 2007, aos quinze anos de idade, em decorrência de "Sarcoma de Ewing", um tipo raro de câncer de ossos. Ariel, está com 19 anos, está terminando o serviço militar e pretende seguir carreira.


Segue abaixo uma marcante e belíssima recordação de Natal que nosso amigo Cézar enviou:


“Na passagem de novembro para dezembro de 2006, Matheus foi internado novamente.


A ambulância veio buscá-lo em casa, num momento em que tinha chovido e a energia elétrica parado. Um momento tão marcante que até o "Finho", nosso cão, demonstrou claramente perceber que essa era a última despedida.


De volta ao hospital, estávamos todos na mão de Deus, claro... Os procedimentos prosseguiram, e eu procurei não sair mais de perto. Quando Matheus entrou em coma, os médicos afirmaram que dificilmente ele agüentaria chegar até o dia 10 daquele dezembro.


Não havia como, afinal tudo indicava que ele não poderia mais voltar a se alimentar ou ter os sentidos de volta. Nesse clima, o Padre Vando, (nosso amigo, o mesmo que nos casou e fez a primeira comunhão do Matheus e Ariel) foi à U.T.I. e ali fizemos as orações correspondentes, visivelmente sensibilizados, lógico.


Quando a Anna chegou lá, nos conformamos com os sinais de "ele está partindo" como Deus queria. E nos colocamos na posição de aguardar simplesmente.


Passado uns tempos, Matheus voltou do coma, acordou dizendo que queria pizza...! Para alguém que não iria mais ter os sentidos e se alimentar isso foi um grato susto... imagine.

 A essa altura, certos de que não éramos nós, nem os médicos, que decidiam o destino da situação, assim foi autorizado, e ele comeu pizza, sem qualquer problema.

 E então perguntou como seria o Natal. Disse que não queria ficar longe da família no Natal.

 A situação deixava claro que não poderíamos nos atrever a transportá-lo de novo na mesma situação. Mesmo assim, nessa época de fim de ano, qualquer emergência poderia facilmente se complicar muito. Além disso, ele tinha muita dor, o sofrimento era intenso e permanente. Mas o humor dele inexplicavelmente permanecia.


Então o Matheus encontrou a sugestão mais adequada que poderíamos ter naquele momento...


Depois eu continuo... não percam !